"Quando contemplo os teus céus, obra das tuas mãos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres, e o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste." (Sl 8.3-5).
Para muitas pessoas, agosto é mês de desgosto. Isso porque suas mentes estão cheias de superstição e voltadas para fatos ocorridos no passado que, acreditam essas pessoas, sempre se repetirão. Eis alguns acontecimentos históricos célebres acontecidos em agosto: no dia 24 de agosto de 1572, ocorreu o massacre de São Bartolomeu, sob as órdens de Catarina de Médice; em 14 de agosto de 1831, muitos poloneses, vencidos pelos russos na revolta de Varsóvia, foram enterrados com seus sonhos de liberdade; a Primeira Grande Guerra Mundial, cujos efeitos sentidos até hoje, começou exatamente no primeiro dia de agosto de 1914. Entre nós, os mais velhos se lembram de que o suicídio do então presidente da República Getulio Vargas ocorreu na manhã do dia de 24 de agosto de 1954. Mas se procurarmos tragédias e desastres nos demais meses do ano, certamente iremos encontrar, em cada um deles, um rol igual ou maior de fatos desagradáveis, o que mostra que agosto não é o mês do desgosto. O que torna um mês diferente do outro para nós, são as nossas experiências. E, principalmente, a nossa visão sobre Deus.
Para nós, cristãos, agosto é o mês do início do período litúrgico a que chamamos Primícias do Reino, que vai do primeiro domingo deste mês até o quinto domingo antes do natal. Aqui estão incluídos os eventos relacionados ao Reino de Deus, à Criação, à Providência Divina e à consumação dos tempos ou Escatologia. Tratamos, nesta época, de temas relacionados à missão divina para a história humana, a justiça de Deus, ao amor e a paz, além de se mencionar as promessas do Senhor para a igreja e o mundo. É a estação da esperança, por isto a cor é o verde. Em todos esses temas o ser humano é convidado a se tornar agente de Deus, como seu cooperador, na obra que Ele realiza na implantação de seu Reino.
O salmo 8, citado acima, traz a forma como os israelitas se viam no conjunto das obras criadas de Deus. O salmista está extasiado diante da beleza da criação de Deus e descobre que o criador reservou para o ser humano um espaço privilegiado na conjuntura do universo. Isso faz com que o povo de Deus tenha força para enfrentar as suas crises, sabendo que o Criador nos incluiu em seus planos mais elevados. E ele não nos esquece. Mesmo em nossa pequenêz, ele lembra de nós.
Desse modo, os nossos problemas, as nossas crises, nossas necessidades mais elementares, sejam quais forem, sempre estarão na memória do nosso Deus. E que cada um de nós seja um cooperador de Deus neste mundo, propagando a paz e o amor do Senhor pela humanidade.
Na graça do nosso Deus, o seu amigo e pastor,
Rev. Vicente de Paulo Ferreira
